A obra de Gabriel García Márquez é restabelecedora. E "Ninguém escreve ao coronel" não podia deixar de ser um livro ótimo. A descrição dos ambientes e personagens é tão precisa que é fácil entrar no mundo relatado pelo autor.
A fome que o coronel e sua esposa sofrem, o apego e raiva do galo que era de seu filho, somados à doença respiratória da esposa dão o tom no enredo em que a aflição persiste juntamente a uma cumplicidade que se contorna no inusitado.
O Coronel
Tem 75 anos de idade. "Os ossos das suas mãos estavam cobertos por uma pele brilhante e esticada, manchada de bexigas assim como a pele do pescoço."
"Era um homem seco, de ossos sólidos e articulados que nem com parafuso e porca. Era a vitalidade dos seus olhos que fazia com que não parecesse conservado em formol". Sofre de problemas intestinais em todos os meses de outubro. Muito pobre e sobrevive vendendo os bens que tem em casa. Deposita a sua esperança na carta e no galo.
A Mulher
É casada com o Coronel há 40 anos. Sofre com asma, mas é bastante enérgica, quando não tem crises. "Com a sua assombrosa habilidade para compor, cerzir e remendar, ela parecia que tinha descoberto a solução para aguentar a economia doméstica no vazio".
Agustín
O único filho do coronel. Foi morto pela polícia em janeiro ao ser apanhado a distribuir propaganda antigovernamental. Era alfaiate e adepto da luta de galos e as apostas que essas lutas envolviam. Deixou como herança aos pais, as suas máquinas de costura e o galo.
Gabriel José García Márquez nasceu em Aracataca, Colômbia, a 6 de março de 1927. Escritor, jornalista, editor, ativista e político colombiano e considerado um dos autores mais importantes do século 20, ele foi premiado com o Prémio Internacional Neustadt de Literatura em 1972 e o Nobel de Literatura de 1982 pelo conjunto de sua obra, que entre outros livros inclui o aclamado "Cem Anos de Solidão".
Obra
O enterro do diabo: A revoada (La Hojarasca) (1955)
Maria dos prazeres
Relato de um náufrago
A sesta de terça-feira
Ninguém escreve ao coronel (1961)
Os funerais da mamãe grande
Má hora: o veneno da madrugada
Cem anos de solidão (1967)
A última viagem do navio fantasma
Entre amigos
A incrível e triste história de Cândida Eréndira e sua avó desalmada Um senhor muito velho com umas asas enormes
Olhos de cão azul
O outono do Patriarca
Como contar um conto (1947-1972)
Crônica de uma morte anunciada (1981)
Textos do caribe
Cheiro de goiaba
O verão feliz da senhora Forbes
O Amor nos tempos do cólera (1985)
A aventura de Miguel Littín
Clandestino no Chile
O general em seu labirinto
Doze contos peregrinos (1992)
Do amor e outros demônios (1994)
Notícia de um sequestro
Obra periodística 1: Textos Andinos
Obra periodística 3: Da Europa e América
Viver para contar
Memória de minhas putas tristes
Obra Jornalística 5: Crónicas, 1961-1984
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