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13 de set. de 2011

MACONHA , DELEGADO E BURACO!!

Muito bom encontrar meu amigo e delegado (desculpe ai os bands de plantão kkkk) Orlando Zacone que tive a honra de trabalhar junto no projeto do cineclube na 59 dp , com a galera da Boca e da cbcb falando tão claramente sobre o drama da proibição discriminilização e liberação das drogas , em especial a Mary...

O delega é assim ó:Um funcionário das Lojas Americanas chegou à 32ª Delegacia de Polícia do Rio, em Jacarepaguá, trazendo uma mulher pelo braço. Ela fora presa em flagrante, tentando roubar um ovo de Páscoa dos grandes, o de número 17. Ambos foram levados à presença de Orlando Zaccone, o delegado de plantão. Ao ouvir o relato do caso, o policial não hesitou: perguntou ao funcionário o valor do ovo, sacou a carteira e ressarciu ali mesmo o prejuízo, dispensando o troco. A mulher passou a Páscoa em liberdade, comendo ovo.

Encontrei -o no Buraco do Getúlio (não literalmente claro eu nem conheço um Getúlio...) e de quebra assisti ao filme "cortina de fumaça" do grande Rodrigo Mac Niven...
Noite inspiradora e com um que de reflexão!!!

“Cortina de Fumaça” é um filme polêmico, levantando um debate a política de drogas, entrevistando alguns dos mais respeitados especialistas no Brasil e no mundo. O filme que estreou no Festival Internacional do Rio em 2010, já foi convidado para seleção oficial de diversos festivais nacionais e internacionais, como Festival de Tiradentes, Festival de Cinema Brasileiro em Milão, Brazilian Film Festival of New York,Festival du Cinema Brasilien de Paris, Brazilian Film Festival of London, Cine Fest Brasil Buenos Aires e continua recebendo convites para inúmeros outros festivais...

Entrevista com diretor do filme Cortina de fumaça

Produzido de forma totalmente independente, o documentário Cortina de fumaça foi selecionado para o Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, e terá sua primeira exibição pública no dia 24, à meia noite.

– Pra começar gostaríamos que contasse um pouco de sua trajetória e de onde surgiu a ideia para fazer o documentário.
RODRIGO MAC NIVEN: Sou jornalista, também fiz cinema e sempre fui ligado ao audiovisual. Ainda na faculdade de jornalismo já trabalhava em produtoras como cinegrafista, editor e finalizador de programas de TV. Há 5 anos abri minha própria produtora para poder desenvolver livremente projetos que me interessam. A idéia de fazer o documentário surgiu, lá no início, da leitura de um livro do jornalista Denis Russo; MACONHA, de uma coleção da Superinteressante. Me surpreendi com a leitura e comecei a pesquisar mais sobre o assunto. Fui fundo e não parei mais. Posso dizer que nesse caso, a maconha foi a porta de entrada para entender a complexa questão das drogas em todos os seus aspectos.

– Como foi o processo de produção, captação de recursos, etc?

MAC NIVEN: Não houve qualquer captação de recursos. O documentário é resultado direto da minha inquietação. Fiz toda a produção de uma forma muito livre. Entrei em contato diretamente com todos os entrevistados. Claro que tive ajuda de muita gente, não se faz nada sozinho. Mas as viagens pra fora do Brasil fiz totalmente só. Eu e minha câmera. Eu queria conversar pessoalmente com essas pessoas.


– Por que a escolha do título? Acredita que este debate ainda não é feito de forma aberta no Brasil?


MAC NIVEN: O título é explicado ao longo do filme. Prefiro que as pessoas assistam para pescar a mensagem. Acredito que o debate é raso porque as pessoas estão desinformadas. Elas não receberam e não recebem informação honesta e científica sobre esse tema. As discussões se perdem na superfície moralista das questões… aí não se consegue andar.


– Na divulgação vocês utilizam a frase “vocês precisam ouvir o que eles têm para dizer”, o que de importante você acredita que seu filme tem para dizer?


MAC NIVEN: O filme é uma coletânea de depoimentos que contam parte de uma história muito complicada e polêmica que é a política de drogas. Essa história é reveladora, pelo menos foi pra mim. Acredito que também será para muita gente. Digo reveladora porque coloca na mesa de discussão fatos e argumentos pouco conhecidos pelo grande público, em geral preconceituoso e desinformado. Essas pessoas com as quais conversei já questionam a política proibicionista há muito tempo e só agora poderemos ver e ouvir na tela grande essas argumentações. O filme fala sobre vários aspectos dessa discussão mas se eu tivesse que definir o que de mais importante o filme tem pra dizer, diria que é a urgência de repensarmos nossa sociedade. As dinâmicas sociais mudam constantemente e precisamos que nossas idéias acompanhem essa transformação. Isso vale para tudo na sociedade. O doc pega essa idéia e aplica na discussão da política proibicionista de drogas.


- Como espera que será a recepção do público? A divulgação será feita toda de forma independente?


MAC NIVEN: Sinceramente não sei. O tema é difícil e confesso que o doc tem alguns depoimentos bem fortes que podem incomodar algumas pessoas menos abertas a novas perspectivas. Como falei, o tema é delicado, envolto por camadas morais e principalmente por muita desinformação. A divulgação foi feita totalmente independente através das redes sociais e email. O que vai acontecer, agora que estamos no Festival Internacional do Rio, eu não sei.


– Qual entrevista te marcou mais? Por quê? E qual foi a mais difícil de conseguir?

MAC NIVEN: Difícil dizer… mesmo. Conversei com pessoas muito inteligentes e competentes no que fazem. Cada entrevista … muitas descobertas. Foi realmente um prazer enorme conhecer essas pessoas e ter o privilégio de conversar com elas. Tive a sorte de conseguir falar com todo mundo que queria sem grandes dificuldades. É preciso ter paciência e persistência. Com esses dois Ps se consegue quase tudo.


- Você tem medo de sofrer algum tipo de represália da justiça por conta do filme? Por exemplo alguma acusação de apologia?


MAC NIVEN: Já pensei sobre isso… lá no início do processo de montagem. Mas não penso mais nisso porque o filme não faz apologia, o filme mostra depoimentos de pessoas sérias, gabaritadas no que fazem e que não estão brincando. Pessoas que estão pensando a nossa sociedade de forma honesta, humana e mais tolerante. Não é isso que todos queremos? Então não tem apologia, tem ciência, discussão honesta, argumentos.


– Você acredita que neste momento é possível identificar um ascenso do debate sobre drogas, nacional e internacionalmente? Por quê?

MAC NIVEN: Sem dúvida. Só do “Cortina de Fumaça” estar num Festival Internacional de Cinema, que é o mais importante da América Latina, abrindo uma das mostras mais tradicionais… já diz que a sociedade brasileira está se abrindo. Lentamente, mas está. No Brasil ainda estamos bem atrasados… fui em um congressos nos EUA e já tem projetos bem ousados de legalização das drogas… aqui ainda estamos iniciando as discussões sobre uso medicinal da maconha. Na Califórnia essa discussão já foi… há tempos… aliás o doc fala sobre isso. Visitei os dispensários de Oakland, na Califórnia. Já melhorou muito, mas ainda temos, principalmente no Brasil, que quebrar muitos “pré-conceitos”, e isso acho que é o mais difícil.


– Por fim, gostaria que apontasse qual sua opinião pessoal sobre o melhor modelo social de se lidar com as drogas hoje ilícitas.

MAC NIVEN: Não sou especialista no assunto, sou documentarista. Claro que posso dar minha opinião e hoje tenho muito mais informação do que tinha há dois anos atrás, quando comecei essa empreitada do filme. Pra mim, está claro que legalização é a melhor opção. Por uma questão de princípios e por uma questão de bom senso.
Lembrando que legalização não é o que muitos pensam, principalmente os que são radicalmente contra. Legalizar é colocar dentro da lei, é regulamentar, como são quase todas as atividades que envolvem compra e venda. Legalizar é determinar como o mercado será estruturado. Da mesma forma que existe o mercado de bebidas alcoólicas, do cigarro, etc. Sei que isso não é simples de se fazer da noite para o dia, mas essa deveria ser a meta. Que a discussão da maconha abra esse caminho, mas acho que a distinção entre drogas lícitas e ilícitas foi uma invenção desastrosa que beneficiou e beneficia determinados grupos… mas essa é uma
discussão muito mais profunda.

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