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25 de set. de 2013

slam!


Uma poesia feita por palavras, gestos e voz. Essa transformação de versos escritos em performances é a matéria prima do slam, competição de poesias nascida nos Estados Unidos nos anos 80. Espalhada por todo o mundo, foi se adaptando a cada novo porto, e, no Rio de Janeiro, vai ter seu lugar no encontro Slam Tagarela, que ocupa o Largo de São Francisco, no centro da cidade, nesta quarta-feira, 25/09, a partir do meio-dia. A ideia é tornar o evento mensal, sendo repetido toda primeira terça-feira do mês.

“A palavra ‘slam’ vem mesmo dessa ideia de competição, como, por exemplo, um encontro de tênis é chamado Tennis Grand Slam”, explica o idealizador Paulo Emílio Azevedo, professor, poeta e um dos responsáveis pela Cia Gente, que organiza o projeto. “É uma competição de poesias, de invenção do americano Marc Smith, que queria aproximar a poesia das pessoas, popularizando-a e valendo-se da emoção do momento, da musicalidade presente nas palavras e no valor inusitado das performances”.


Este estilo único de contar poesias, que une voz e gestos para ir além da simples declamação, será apresentado no Largo de São Francisco com a participação confirmada de poetas de quatro Estados brasileiros (Sergipe, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais). Mas o microfone estará disponível para todos. “A ideia é restringir a competição mesmo até uns oito poetas, mas quem não puder competir pode chegar e falar o que quiser, é um espaço livre para entrar”, garante Paulo.

O democrático maior slam do mundo



“Depois de surgir nos Estados Unidos, o slam foi sendo absorvido por cada país e criando dissidências, porque cada idioma tem seu acento, sua forma de composição da palavra escrita, o que foi modificando as regras desse encontro”, continua o idealizador. Originalmente, os competidores tinham três minutos para fazer suas performances. Já em São Paulo, por exemplo, ficou popular o chamado “menor slam do mundo”, competições onde todas as poesias só podem ter até dez segundos. Foi para brincar com esse padrão que Paulo criou o Tagarela: os poetas que se alternam na competição poderão usar todo o tempo que desejarem. Sem o limite de tempo, pretende-se mostrar justamente a grande variedade de um slam, que não pode ser enquadrado em nenhum gênero literário específico. “Qualquer poesia pode ser um slam, porque o que vale mas é forma como é projetada através da oralidade e do corpo”, diz Paulo.



Luiz Cláudio Pontes dos Santos, conhecido como MC Slow da BF, está bem familiarizado com a democratização dos slams: oriundo do mundo do rap, o artista participa com frequência de encontros do gênero. “Como sou um MC, uso a palavra como ferramenta e arma. Por vezes, faço uma leitura mais poética, no que diz respeito à forma, de minhas poesias ritmadas, ou seja, do meu rap. Quando faço essas rimas sem música, transgressão que não combinariam com um sarau, me aproximo do slam, que acho uma forma forte de meus pensamentos fluírem, com uma expressão plástica de mãos e caras”, conta o MC, que acha que não há regras ou algo impossível de fazer quando se fala em poesia.



MC Slow espera que essa explosão de gestos e vozes seja um incentivo para que aqueles que pararem no Largo de São Francisco passem a estabelecer outras relações com o atarefado cotidiano urbano. “Com um encontro assim, a cidade ganha mobilidade poética, tornando a poesia um machado afiado para cortar o caos instalado pelas obras, pela poluição e tudo mais”, diz. “O que queremos é levar a poesia para perto das pessoas. E, no horário do almoço, as pessoas tendem a se perceber de modo privilegiado, e, apesar da fome, sempre sobra um tempinho pra falar. Há uma escuta diferenciada e melhor recepção da palavra”, continua Paulo.


Como complemento ao primeiro slam no Largo de São Francisco, Paulo Emílio Azevedo lança o livro Palavra Projétil: Poesias Além da Escrita, no dia 24/09, na Livraria Saraiva do Leblon, durante o Corujão da Poesia. O encontro ao ar livre e o livro são parte de um projeto amplo de trabalho com as muitas possibilidades desse contar performático, que engloba ainda oficinas na Escola João Luiz Alves e o lançamento de um CD e DVD com o coletivo Le Fucoh de Macaé.


Colaboração de Marianna Salles Falcão

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