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17 de dez. de 2011

tropicália...é num é aquela do clube recreativo caxiense não!!!


TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENCIS - O ÁLBUM MANIFESTO

 

O movimento da Tropicália teve a sua origem sustentada por quatro marcos inaugurais, todos acontecidos em 1967:
 
A exposição “Tropicália, manifestação ambiental, de Hélio Oiticica, no MAM do Rio de Janeiro, em abril; 

A estréia do filme "Terra em Transe”, de Glauber Rocha, em maio; 

A estréia da peça “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade, encenada em setembro pelo Grupo Oficina, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa 

As participações de Caetano Veloso e Gilberto Gil no III Festival da Record, em outubro, interpretando respectivamente “Alegria, Alegria” e “Domingo no Parque”, que traziam uma nova linguagem e inaugurava a guitarra elétrica na MPB
.
Se na arte o movimento tropicalista reflete uma transformação essencial nos critérios de produção e no consumo das obras de arte, situando o artista no mundo e, principalmente, no Brasil, na música é a síntese da poesia, a alegorização e carnavalização de um Brasil culturalmente indomável, delimitando as tênues tendências da MPB, mesclando Bossa Nova e canções folclóricas, a contestação social e a cafonice, o candomblé e o catolicismo.

Se nas outras esferas artísticas os manifestos da Tropicália (“Tropicália”, de Helio Oiticica nas artes plásticas, “Terra em Transe” de Glauber Rocha no cinema, “Pan América” livro de José Agripino de Paula na literatura) eram uma realidade, faltava um manifesto contundente na MPB. 

Este manifesto foi elaborado em maio de 1968, quando foi gravado “Tropicália ou Panis et Circencis”, um álbum histórico, que reunia as vozes de Caetano Veloso, Gal Costa, Nara Leão, Gilberto Gil e Os Mutantes, associadas à poesia de Torquato Neto e de Capinam, ao som de Tom Zé e à genial regência musical de Rogério Duprat.

Doze canções sem ligações estéticas, mas arrematados em um repertório feito para traduzir o movimento tropicalista sonoramente, deram um tom de contestação jamais visto, mostrando músicas que se fincaram no âmago da MPB, como a urbana “Baby”. Doze canções e estava registrado um dos mais geniais álbuns da MPB, amado ou odiado, mas jamais um consenso. Era a voz da Tropicália a ecoar pelos quatro cantos do Brasil pré-AI 5.

A Mítica Fotografia da Capa do Álbum

Quando Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Gal Costa, Torquato Neto, Capinam, Guilherme Araújo, Os Mutantes, Júlio Medaglia e Tom Zé juntaram-se para a gravação de um disco, era a concretização de um novo estilo de música que se fazia no Brasil, adquirindo a visibilidade de um manifesto musical.

A irreverência começa pela capa do álbum. Elaborada pelo artista plástico Rubens Gerchman, sob fotografia de Oliver Perroy, a imagem final, feita na casa do fotógrafo, teve nos adereços alegóricos uma criação coletiva, com todos os envolvidos opinando.

Imaginada como uma paródia do álbum dos Beatles, “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, a capa adquiriu um formato final do underground tropicalista, coberta de alegorias do Brasil. 

Se percorrermos um olhar rápido, encontramos o grupo à maneira dos retratos patriarcais tradicionais.


 Caetano Veloso aparece ladeado pelos Mutantes (Sérgio Dias, Rita Lee e Arnaldo Batista), que trazem uma expressão séria e carrancuda, empunhando as guitarras, símbolos de uma nova musicalidade. 

O baiano, de olhar atrevido e cabeleira a tomar conta, traz na mão o retrato de Nara Leão, que participa do disco, mas não da fotografia da capa. 

Na extrema direita dos Mutantes aparece Tom Zé, de terno e mala de couro na mão, representando a alegoria da migração nordestina. Sentados lado a lado, aparecem Rogério Duprat, que segura um penico na mão, como se segurasse uma xícara, significa Duchamp; Gal Costa e Torquato Neto, ela com penteado modesto, ele com uma boina, ambos representam o casal recatado do interior. 

Finalmente, à frente de todos, está um ostensivo Gilberto Gil vestido de toga com cores tropicais, segurando o retrato da formatura do curso normal de Capinam.

Feito o retrato, ele é emoldurado por faixas compostas pelas cores nacionais, verde, azul e amarelo, dando a brasilidade necessária à arte final.

Após visitarmos a emblemática fotografia, vamos encontrar na contra capa do álbum o texto de um suposto roteiro cinematográfico feito por Caetano Veloso, em que as personagens são os próprios tropicalistas a travarem um diálogo irreverente e sem nexo. 

No diálogo surgem Celly Campelo, João Gilberto e Pixinguinha, entre muitas referências dissonantes.

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