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2 de set. de 2011

Velho demais para virar adulto

Velho demais para virar adulto

Dois anos depois, penso no que virá.Sem dúvida, seguiremos com nossas pautas, a inventar uma produção cultural completamente diferente e a estimular as reviravoltas no nó borromeano da cultura digital.

A cultura, livre dos anteparos, será ainda mais imaginativa. Por isso, viver uma nova produção é tão importante quanto os objetos, produtos, festivais, sites, shows, plataformas e peças que essa mesma produção produz.

Nos resta, então, viver e fazer a “arte como modo de vida” – como diriam os neo-concretos. Esse é o salto mortal da cultura e sua cambalhota inventiva.

Estamos na sociedade do remix. Pós-tropicalista.

Outro dia, passei em outro canto da casa, e alguém estava manipulando um laptop, misturando trechos de músicas e imagens.

A imagem me remeteu à Emília do Sitio do Picapau Amarelo, no episódio da Reforma da Natureza, quando ela pratica o remix nas suas alterações do mundo: o passarinho-ninho; o porco magro; o livro comestível; o pernilongo cantor e a reforma da personalidade das borboletas azuis.

É essa a nossa proposta de mundo – o mundo do remix.

O Aristóteles usa a ideia de Tiquê como uma causa oculta para a razão humana, para o “acaso”.
Acho que foi o tiquê que nos fez estar dois anos juntos, brincando de meta-produção cultural, realizando workshows e vivenciando a internet de raiz.

Se tem algo que posso conclamar, em homenagem a esses dois anos felizes, é que sejamos hidráulicos e objetivos.

Podem até dizer que amadurecemos, mas já somos velhos demais para virar adultos.

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