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O mundo é do tamanho da mão do homem que mama a mamadeira
do homem que aponta o canhão
do que arremessa palavras
do que vive por brincadeira
O mundo é do tamanho do globo depositado na mesa do escritório
Tem o preço que se paga pela manutenção do jogo
O mundo finge que acaba
Se rasga e se arrasa, mas amanhã começa tudo de novo
O mundo te caça, o mundo te é caçador
O mundo te abraça, te acaricia, o mundo te é dominador
morde assopra
É neblina, é ócio, é ópio
É binóculo, é estroboscópio, é o tapa na cara todo dia dado de luva de pelica
É o equinócio invisível em um visão turva
Rasgue a página das tradições que pesam nos ombros das multidões
Que sufocam os nossos pulmões
Que nos algemam no lixo com grandes grilhões
Seguimos dividindo os corpos, contabilizando os mortos
E não há nada de tudo que seja nosso
É tijolo, é consolo, é pedaço de pau
É rua sem calçamento, é casa sem quintal
É o tempo que não passa
A cura pra todo mal
A minha favela agora é cartão-postal
Olha a cria, olha a cria, deixa a cria passar
Que um dia ela te desafia e cai no mundo pra criar
Tá crescido, desenvolvido, cai na batalha sem carteira
É amigo, tá faminto e vai buscar um quilo no final da feira
Olha a tia, olha a tia, à benção quando passar
Que num dia sem proteção o seu coração pode falhar
Fecha o corpo, papo torto, ihhh sai pra lá
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