Estava a caminho do velho trabalho , no velho "busão-limousine" , sentido centro do Rio , quando ao olhar ou tentar olhar para a paisagem que me acompanha quase todos os dias , vejo lá parada , estacionadamente inerte , uma frota luxuosissima de carros brilhantes da policia federal , na porta de uma favela , conhecida como favela do lixão...
Até ai nada de tão anormal ,pois estamos falando da Texas carioca, Duque de las Caixas e tal mas ver uma frota de carros tão lindos e brilhantes e uma favela tão tristemente humilde , me causou um espanto enorme ...
E os contrastes estão ai , batendo na nosa cara e correndo contra o vento e para não erder a oportunidade , pois essa sim não está batendo tanto assim na nossa cara , ai vai uma poesia de um poeta que está no meu TOP 5 de todos os tempos :
A antítese do novo e do absoleto,
O Amor e a Paz, o Ódio e a Carnificina,
O que o homem ama e o que o homem abomina,
Tudo convém para o homem ser completo!
O ângulo obtuso, pois, e o ângulo reto,
Uma feição humana e outra divina
São como a eximenina e a endimenina
Que servem ambas para o mesmo feto!
Eu sei tudo isto mais do que o Eclesiastes!
Por justaposição destes contrastes,
Junta-se um hemisfério a outro hemisfério,
Às alegrias juntam-se as tristezas,
E o carpinteiro que fabrica as mesas
Faz também os caixões do cemitério!...
Queria saber como fazer para não mais me chocar com os contrastes na cidade dos contrastes , onde por exemplo os carros da policia são mais bonitos que quase tudo lá na comunidade...
Quase tudo... por que ainda não posso falar do tamanho que tem o caráter e a dignidade das pessoas e das instituições envolvidas naquela visão triste que tive da janelinha do ônibus ...
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