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5 de fev. de 2009

EU,TERRORISTA ?



AFINAL, QUEM É O TERRORISTA?

No ano passado - quando vi aqueles aviões americanos ultra-modernos, despejando suas bombas de sete toneladas sobre paupérrimos vilarejos afegãos, e nossa imprensa televisiva chamando isso de guerra contra o terror - comecei a ter sérias dúvidas sobre o significado da palavra terror.

Hoje, a guerra contra o terror prossegue - com a invasão do Iraque e a operação choque e espanto - e minhas dúvidas aumentam. Choque e espanto não são, por si próprias, idéias muito próximas de terror? Essa operação, que se materializa nas gigantescas bolas de fogo que cobrem Bagdá, não parece um eufemismo para operação terror?

Consultei o dicionário para ver o que terrorismo significa:

Modo de coagir, ameaçar ou influenciar outras pessoas, ou de impor-lhes a vontade pelo uso sistemático do terror, diz o Aurélio. Então percebi que havia um sério engano nessa história toda:

Todos se lembram de 11 de setembro de 2001, do atentado da Al Qaeda que matou mais de 3.000 civis. Isso certamente é terror. Mas e os bombardeios de Bush, não? A forma restritiva com que a televisão usa o termo terrorista, parece sugerir que os EUA nunca fizeram coisas similares a 11 de setembro!




Quem se lembra de 6 de agosto de 1945?

A segunda guerra mundial caminhava para um fim certo: a rendição do Japão. Um Japão mutilado, despido de seu antigo poderio aeronaval, sitiado pela marinha estadunidense, condenado a agonizar por sufocamento. Mas algo mais estava em jogo: a disputa entre EUA e União Soviética pelos despojos da guerra e pela supremacia político-militar do mundo.

O governo americano jogou uma bomba atômica sobre Hiroshima, matando instantaneamente 70.000 pessoas, em sua maioria mulheres, crianças e velhos, ferindo outras 100.000 e deixando um número não calculado para sofrer as terríveis conseqüências de longo prazo, que se estenderam por diversas gerações.

Os EUA alegaram que o uso da bomba foi para salvar vidas americanas. Será que foi? Dissemos que (...) explodir uma dessas coisas sobre um deserto, como um fogo de artifício, não deveria causar muita impressão, relatou mais tarde Oppenheimer. A quem a bomba de Hiroshima visava impressionar? aos japoneses ou aos soviéticos? Atualmente, de forma similar, Bush afirma que está invadindo o Iraque para proteger vidas americanas do terrorismo.

Além de Hiroshima, houve Nagasaki, as cidades alemãs, as vilas do Vietnã e do Camboja, e muitas outras, até chegarmos aos atuais acontecimentos em Bagdá.

Que diferença existe entre a ética dos bombardeios americanos e a do atentado de 11 de setembro? entre a ética do governo dos Estados Unidos e a da Al Qaeda? a de Bush e a de bin Laden?

Materialmente, a bomba de Hiroshima sozinha foi dezenas de vezes mais destrutiva que os atentados; e seus efeitos, milhares de vezes mais prolongados.

Quanto às alternativas que ambos tinham, a balança é desequilibrada, na proporção do poder de cada um. Para os EUA, cada bombardeio foi uma escolha fria, uma opção entre muitas. Para os árabes - que vivem sob ditaduras controladas pelos EUA e não têm à sua disposição meios pacíficos de expressão ou meios convencionais de luta - a decisão sobre os abomináveis atos terroristas foi tomada sem a multiplicidade de alternativas que existe em Washington.

Quem é o terrorista? Quem no mundo mais que George Bush?



ele está sempre querendo coagir, ameaçar e influenciar os outros países? Quem foi que bradou: ou vocês estão conosco, ou estão com os terroristas?!

Ainda assim, para nossas televisões, terroristas são apenas os opositores do poder estabelecido. Por essa lógica, o presidente dos EUA, a encarnação mundial do poder estabelecido, jamais será terrorista, não importando a brutalidade de seus atos.

Para nós também, de tanto ser repetida, essa acepção ameaça se tornar uma verdade. Mas devemos pelo menos compreender suas conseqüências: Por essa lógica, os nazistas que cometeram o holocausto jamais seriam terroristas; os judeus, que com armas rudimentares resistiram heroicamente no gueto de Varsóvia, sim. Por essa lógica, no dia em que os interesses da Boeing e da Embraer se chocarem, ou quando algum laboratório americano ganhar a patente do chá de espinheira santa e quiser nos cobrar royalties - no dia em que nos confrontarmos com os EUA - os terroristas talvez sejamos nós.

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