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4 de fev. de 2009

def yuri é def


Hip Hop - Hoje e Ontem
Autor: Def Yuri


A cultura Hip Hop nos dias de hoje alcançou uma dimensão considerável e que se faz notar em várias partes do Brasil. Digo isso para uma maioria recém convertida ou meramente curiosa, pois o número de pessoas que batalham por essa cultura é enorme, infinitamente maior do que os grandes nomes que tanto representam e/ou gozam de uma grande visibilidade, a esses peço licença, e estou certo que estes têm a capacidade de discernir a importância do que estou pontuando. Falo de personalidades (não quero aqui separar por estilos ou sei lá o quê) como MV Bill, GOG, Mano Brown, Thaíde, Rappin Hood, Xis, Helião, Negra Li, Marcelo D2, Gabriel Pensador, Vinni Max, que constantemente invadem nossas casas não mais através do rep e sim via programas de TV, jornais ou revistas.

Diferente de outros, considero isso muito importante, essa exposição mostra um crescimento e reconhecimento, o triste é que isso não é compartilhado com uma gama enorme de atores que resistem desde sempre ou começam a resistir, e coloco que isso nem é culpa dos citados e sim daqueles que buscam retratar ou alardear essa nova cultura (?).

Antes de qualquer ruído de comunicação natural ou orquestrado, digo que não tenho objetivo de focar nos interesses comerciais, e sim no pensamento e incapacidade de se detalhar na sua verdadeira dimensão essa cultura, que como sempre coloquei não se restringe a uma visão única, no caso em questão – paulicêntrica, esta até pode ser a mais divulgada, porém não é, nunca foi e nem será a única.

Questiono a competência, quero dizer, a "boa" vontade de determinados veículos de comunicação que, no senso comum, convencionou-se entre nós rotular de "servirem ao sistema", pois sempre reproduziam absurdos sobre a cultura ou eram totalmente limitados e incapazes de apurar algo que transcendesse o seu conhecimento. E friso que foram vários os resultados desse tipo de ação "deturpatória", que durante tempos alimentou as nossas críticas e os nossos anseios por uma fala própria ou pelo menos que alguma vertente midiática de resistência cumprisse o papel de colocar um foco imparcial sobre a cultura Hip Hop, mostrando através do respeito e conhecimento a força dessa manifestação, bem como toda a sua pluralidade.

Na verdade isso é esperar demais, tendo em vista as incríveis similaridades entre os veículos midiáticos no que se refere à construção e divulgação de um conhecimento específico, servindo apenas como reforço aos estereótipos e deturpações que são iniciativas que somente servem para embriagar e lobotomizar os menos informados que desconhecem a sua própria essência e seguem tal qual robôs programados desprovidos de um programa para questionamento. Realmente é impressionante.

O pior é que eu mesmo já estava acreditando que esse período de restrição e/ou condução de informação tinha passado ou, pelo menos ,diminuído o que seria uma incrível evolução - digo isso em decorrência do advento da Internet, das nossas próprias mídias e redes. É, talvez eu tenha superestimado, pois isso ainda não foi atingido na sua plenitude e alguns grilhões ou patrulhamentos ainda tentam impedir mesmo que inconscientemente as (em alguns casos, diga-se de passagem) nossas próprias ações para mudar esse quadro.

Em decorrência disso, acredito que os expoentes que são constantemente colocados como vidraças, digo vitrines, devem ou deveriam sentir-se constrangidos, pois viajam esse país de ponta a ponta e certamente encontram um número grande de pessoas e/ou iniciativas que são motivo de orgulho e que poderiam gozar de uma pequena visibilidade que seja, com o intuito de estimularem ainda mais as diferentes vertentes dessa cultura e sua maior propagação positiva. Com isso não quero dizer que os mesmos não estejam fazendo nada e sim sugerindo que façam ainda mais, isto já seria uma grande ajuda e por que não dizer um importante ato ativista. Minha colocação não tem o intuito de julgar os anseios artísticos e comerciais de cada um, cada qual com o seu cada qual, estes são importantes e necessários, e também não são da minha conta.

Nem vou me atrever a abordar os outros estados, essa iniciativa deixo para os seus naturais contarem (e são muitos), falarei tão somente do caso do Rio de Janeiro, cuja imagem no momento está atrelada ao Bill, Gabriel, D2, Vinni Max ou Black Alien, isso por si só é muito importante, pois mostra um retorno aos diferentes trabalhos realizados o que é merecido, justo, mostrando que é possível para muitos buscarem aquilo que tanto almejam, porém não é só isso.

Por mais que os próprios façam, coloco que todos estes sem exceção já provaram o sabor do descaso, desdém e ciumeira intra-hiphop do Rio de Janeiro, esta última às vezes fruto de contaminação externa (também). Digo que os percalços pelos quais passaram não devem ser esquecidos, mais transcender isso se faz necessário o quanto antes, peço que não esqueçam das suas origens hiphopeiras e, se não se esqueceram, que externem de coração aberto que não vieram do nada, mostrem para o mundo que também são frutos de um estado onde essa cultura luta, lutou e resistiu a todos os tipos de ingerências, preconceitos e deturpações. Que estes legítimos expoentes lembrem, digo, que tornem público se possível com orgulho que vieram do mesmo lugar que:

DJ Leandro, KMKZ, Macarrão, El Tosh, Refém, Sistema Visado, Mister Zoy, Gutierrez, Justiça Negra, Tito, Bolt, Thogun, Fator Surpresa, Contexto, P, 10, Tigrão, Speed Freaks, Dudu de Morro Agudo, Gilmar, Fiell, DJ Zinho, Vinícius Terra, Perigo Zona Sul, Don Negrone, Disciplina Urbana, Leo da XIII, Inumanos, Poder Consciente, 3 Pretos, Pjunior, MC I, A Resistência, Paula Diva, Vozes do Gueto, Artistas Urbanos, Marechal, DJ Frias, De Leve, Gás-pa, 5o Andar, K-lote, Artigo 288, Mister P, Marcia 2 Pac, Weelf, Tigrão, Vozes do Gueto, Funk, Positive Soul, Mateus Pinguim, Break Mania, Manu Valdez, Neggativas, NAT, Poetas de Ébano, Descendentes da Ralé, Posse Domínio Apocalipse, João Coragem, DJ Lara, Justiça Negra, You2, Realidade Social, DJ Pachu, R.E.P, Edd Weeler, Nando-E, Xhacal, Damas do Rap, Bob T, DJ Juan, Boogie Boys, A Filial, Jovem Cerebral, Rogério Beat, Paulo, Leandro BW, Bolt, Eva Samaja, Zeze, Filhos do Gueto, Falcom Man, Ryo Radikal Repz, Atari Funkers, Break Storm, ACME, DJ Frias, MC Boné, Lelin, Original Rap, Mechanic Man, Poesias Sobre Ruína, Genaro, DJ Alex, Slow, Don Michel, Buiu da Doze, O Bando, Frio Bira, Nocaute, B-32, DJ Saddan, GBCR, Felipe B, Sindicato Negro, Dr Terror, Lord Sá, DJ Tamempi, Nega Gizza, Esquadrão Zona Norte, DJ TR, JC, Mick, Ocrespo, A.C, Tulane, BJ, Paulo Gato, Branco e Preto Polaroid, Manifesto 021, Elza Cohen, DJ Fabio ACM, Alfa Marine, Pancho, Caleho, Marcelo M.G, Baixada Brothers, Juízo Crítico... Caramba são tantos os que fizeram e fazem essa cultura no Rio de Janeiro que acredito levaria dias para buscar nos meus arquivos mentais todos os nomes, ou pelo menos parte desses.

E os eventos e festas? Batalha do Real, Zoeira, Hutuz, Ajuste de Contas, Hip Hop pelo Rio, Hip Hop Hio, CDD, Voz Ativa, SG in Rap, Viva Zumbi, Embaixada, Fúria, Basement, Rave Hip Hop, Everest, Salão Azul, Players, Viaduto, Hip Hop Agosto, Garage Rap Club... Na propagação musical por rádio e T.V: Liberdade de Expressão, Voz da Favela, Conexão Babilônia, Que se Dane, No Clima dos Bailes, Grito de Alerta, Night Session, BB Vídeo Break, BB vídeo Clipe, Super Onda, Monsieur Lima, Periferia, Som na Caixa, Vibrações Positivas... Registros: S2 samples e scrats, Afro Reggae Noticias, Enraizados, Hip Hop Ativo, Viva Favela...

Nas iniciativas sociais: além da CUFA, diversas instituições apostam e/ou apostaram no Hip Hop: CEAP, VIVA RIO, CEMINA, CRIOLA, IBASE, FASE, ISER... E lembro das primeiras ONG's no meio - Atcon (Associação Atitude Consciente) e Voz Ativa. Mais recentemente uma totalmente pensada e constituída por pessoas do meio foi o CEAC- H2 Centro de Estudos e Apoio a Cultura Hip Hop...

São muitos os pontos que podem ou poderiam ser melhor divulgados, espero que os grandes expoentes cariocas mantenham todas as lembranças vivas nas suas mentes, e conseqüentemente de todos que orbitam pela cena H2 e se já fizerem isso que externem e ajudem ainda mais e de todas as formas possíveis, tendo em vista que vocês dispõem dos meios necessários para a preservação dessa cultura. E mesmo se não forem capazes ou tiverem vontade de fazer, o que é um direito, eu agradeço e agradecerei do mesmo jeito, e também cientificando-os que independente de uma maior mobilização dos vários Hip Hop`s, eu, Def Yuri, continuarei externando meu orgulho de fazer parte de tudo isso, e também muito orgulho de ser do Rio de Janeiro, e continuarei somando no que for possível e reforçando que é imprescindível um mínimo de conhecimento e o não esquecimento - em alguns casos forçados - da nossa história local, e quando a mídia tacanha ou supostamente revolucionária, se meter a falar, retratar ou citar o Hip Hop feito a partir do Rio de Janeiro, aqui ou em qualquer outro lugar, que o faça com fundamento e respeito. Isso, também vale se o foco for todo o Brasil. É preciso reconhecer a pluralidade, a diversidade e as diferentes realidades que podem ser parecidas em alguns aspectos, porém não são iguais como um todo, tendo em vista que essa cultura é um reflexo da sociedade, tanto para o bem quanto para o mal.

Aos leitores pergunto, têm conhecimento sobre o nascedouro dessa cultura no seu lugar de origem? Conhecem o antes, o presente? Já pensaram no futuro? Essas são apenas algumas perguntas vitais.

Atentos a isso digo que o mesmo vale para os oriundos da nossa cultura, dessas formas nos fortaleceremos ainda mais, acredito nisso e pontuo que já fui a diferentes locais desse país e tenho a certeza que esse posicionamento é compartilhado pelos não colonizados externa ou internamente. Tenho esperança que o quadro negativo seja revertido, em contrário de nada adiantará os discursos reivindicativos, restará somente o conhecido muro de lamentações do Hip Hop.


A compreensão daquilo que por mim foi descrito por mim será apenas um passo dado que tornará possível uma liberdade de ação, expressão e questionamentos que contemple "o todo", afinal estamos em 2005 e não podemos nos permitir os mesmos erros do passado, onde não tínhamos espaços para questionar as histórias disseminadas, estando essas parcialmente corretas ou erradas. Nunca esquecendo que o esforço é coletivo, fiz a minha parte ao tornar público percepções até então restritas a determinadas pessoas que se indignam com o quadro geral, e podem apostar que continuarei em frente - como sempre - pois o bônus e o ônus no que se refere ao Hip Hop deve ser compartilhado por todos sem exceção: artistas, ativistas e entusiastas.

"Longa vida ao Hip Hop do Rio de Janeiro. Longa vida ao Hip Hop em cada estado brasileiro!"

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