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22 de jun. de 2011

Yahima Torres , Cuba e o racismo!!

Yahima Torres, atriz cubana descoberta na periferia de Paris, é a protagonista do filme ‘Vênus Negra’.


Bela, negra e cheia de força, Yahima Torres foi uma descoberta gloriosa para o diretor Abdellatif Kechiche.

Em entrevista a coletiva, a atriz cubana, que no longa-metragem vive uma mulher africana que é exposta como um 'animal' exótico na Paris do século 19, afirmou que participar desse projeto foi uma experiência muito intensa.

"Era muito importante levar essa história para o cinema. As pessoas precisam saber como era a realidade naquela época", contou Yahima, que ainda relatou o clima no set de filmagens. "Apesar das cenas fortes e de nudez, sempre contei com o apoio do diretor, do elenco e de toda a equipe".

Esse é o primeiro filme da cubana, que foi descoberta na periferia de Paris. Para Vênus Negra, ela começou a fazer aulas de interpretação e teve que aprender africâner (língua da África do Sul). "Havia dias em que estávamos todos muitos cansados. Mas o diretor sempre me dizia: 'Você tem muita energia', e isso me deu força para seguir adiante"

"Espero que o filme tenha a mesma recepção que teve em Cuba. Acabo de voltar de Havana (capital), e lá o longa teve êxito total."

Sem Yahima Torres, Venus Noire seria um filme incompleto. Pelo menos, é essa a impressão ao sair de uma sessão do poderoso longa-metragem de Abdellatif Kechiche sobre a Venus Hotentote, na verdade, Saartjie Baartman, uma mulher sul-africana com características corporais consideradas exóticas pelos europeus que foi exibida como atração de circo no século 19 e teve o corpo exposto em museu francês.
Diretor sabe disso: “Era fundamental ter a atriz certa, inclusive porque ela precisava passar pela experiência sem ficar traumatizada. Depois de conversar com Yahima, soube que ela conseguiria”.

Kechiche estava atravessando a rua no bairro de Belleville, em Paris, quando avistou Yahima, imigrante cubana há sete anos na capital francesa. “Lembro-me que eu estava andando, depois de comprar alguma coisa para minha mãe. Estava falando sozinha, coisa que faço às vezes, rindo. Uma assistente de Abdel veio falar comigo, seria estranho um homem me parar na rua”, diz a atriz em entrevista.

O mais impressionante é que Yahima é estreante. “Nunca trabalhei como artista. Em Cuba, tive aulas de dança, teatro, música, pintura, na escola. O sistema educacional lá desenvolve o lado artístico dos estudantes”, disse. Foi uma estreia em grande estilo, na competição do Festival de Veneza. Foi a primeira vez que Yahima assistiu ao filme. “Foi muito emocionante e estranho me ver na tela".
"Fiquei me lembrando de cada cena, do trabalho intenso necessário para fazer cada uma delas. Eu olhava Saartjie na tela e me via também. Eram muitos sentimentos, porque era a minha primeira vez na tela. Nem podia falar ao final.”

A trama é incrivelmente baseada na história real de uma sul-africana descendente do povo hotentote. O filme começa com uma estátua da personagem e partes anatômicas reais sendo apresentadas numa conferência da Academia Real de Medicina em Paris, em 1817, e descritas como muito parecidas com aquelas de símios.

Com nádegas e seios grandes e a genitália com características especiais, ela tinha saído de seu país com seu patrão na época, Hendrik Caezar (no filme, interpretado por Andre Jacobs), iludida pelo sonho de ser artista, em direção a Londres. Seus shows, no entanto, eram pura exploração de seu visual diferente – na verdade, ela vira atração de circo mesmo.

As apresentações ficam cada vez mais agressivas, principalmente quando, já em Paris, ela fica sob o comando de Réaux (Olivier Gourmet), virando atração também para os cientistas. A protagonista praticamente só encontra gente interesseira e nada preocupada com sua humanidade.

É impressionante a atuação de Yahima Torrès, favorita à Coppa Volpi de melhor atriz, no papel de Saartjie, passando toda a tristeza e passividade da personagem com muita economia de expressões e gestos.

Kechiche filma muito bem e utiliza planos longos, com sequências inteiras dos shows de horrores a que a protagonista é submetida. É muito, muito doloroso de ver – e a intenção é justamente retirar totalmente o espectador de sua zona de conforto.

Mas há momentos em que a pergunta é se seria necessário chegar a tanto. Será que para mostrar o sofrimento e a tortura é preciso exibir todo o sofrimento e toda a tortura?

Será que, apesar de as intenções serem claramente as melhores neste caso, ao expor tão explicitamente a exploração da personagem, não se acaba aprofundando a exploração?

Um comentário:

  1. Porque é disso que a psique humana se alimenta, a atracção mórbida pelo horror de terceiros, o humano adora dizer ai coitadinho mas no fundo compraz-se com a dor de outrem para que se sinta ele/a próprio/a confortado nas suas próprias dores e horrores

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