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3 de jun. de 2011

PROFANO ESQUECIMENTO by SYLVIO NETO


PROFANO ESQUECIMENTO





Muita Saudade do Broder Nino Rap...










PROFANO ESQUECIMENTO
Sylvio Neto

Repousa na caridade uma as prerrogativas da boa vontade (leia Kant), um dos institutos do espírito da dádiva (leia Godbout). Perto ou longe, empenhado ou somente observador, o homem não necessita da divindade para costurar seus rasgos na pele ou fazer sumir suas cicatrizes.

As marcas recentes ou as marcas profundas e com quelóides que o tempo trata de mostrar e ou esconder por sobre as mangas da camisa são prêmios queridos ou tesos na vontade do esquecimento, o que é preciso é nascer a cada dia, lutar com um leão a cada sonho desfeito e repousar após toda a turva ventania de areia, em um abraço terno e com tesão – de preferência.

O homem ao contrário da experiência que viveu tempos atrás procura distância do homem e de suas responsabilidades para com a família e a sociedade e nesse processo alguns fazem nascer deuses, demônios, santos, anjos e outras aberrações que a mente humana pode produzir em nome da necessidade do milagre que ele desfaz a cada manhã.

È óbvio que também se esconde ele – o homem – por detrás de outros modus vivendus – costumes, excessos e vícios, ainda hoje a margem do que a “ sociedade “ institui como normais e podem ser citados aqui: a pedofilia, a droga, o sadomasoquismo, o homicídio e tantas outras formas de esquecer da matrix divina e entregar-se ao deleite.

Entre a cruz e a espada, esquece do abraço verdadeiro (a necessidade do tesão varia de abraço para abraço, varia do sentido que recebe daquele que lê este texto e do que realmente eu quis dar - neste texto veio mesmo como provocação) entrega-se a um êxodo de seu trono no centro do coração humano (ícone que aqui quero fazer significar o amor universal) e corre livremente, em direção contrária ao homem, numa diáspora bandida – não sem algum ouro em uma das mãos e algum amuleto na outra...

O homem cria deuses e demônios para salvar-se e safar-se da solidão de seus segredos inenarráveis, da impunidade de suas ações contra a saúde, a arte, a cultura, as leis do trabalho, o justo preço e ainda da judaria de seus desejos enterrados em seu próprio umbigo...único amigo/amor que consegue ter...

Aos olhos de quem não vê e nem sente deuses, dos que respiram com dificuldade a esperança, a fé e a crença...Não passa despercebido seu riso familiarmente falso e rancoroso...A sede de vingança e poder se estampa mais no rosto que qualquer maquiagem. Gera no ambiente partilhado uma “ coisa” que os que não são carregados pela mão de deus podem sentir...E não é nenhum fedor, medo, espanto, arrepio ou premonição – é sim, uma certeza simplesmente...

Alguns humanos, ainda estão sentados no trono do coração e caminham em direção ao abraço...Que pode nunca vir...Que pode ser o abraço do que vive abraçado a seu umbigo.

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