Para viver alguns sonhos
Política é uma palavra complicada e que costuma ser carregada de más impressões. Existe, entretanto, duas políticas e elas são bastante diferentes: A Política com pê maísculo e a política com pê minúsculo.
A primeira se trata da Política partidária e institucional, do jogo da democracia representativa e do poder do Estado. A segunda é a política do cotidiano, de grupos e pessoas que agem para transformar a realidade em sua volta. Política de comportamento e política pessoal.
A Política institucional, muitas vezes, serve para que as pessoas não façam política cotidianamente. Pensar o cotidiano politicamente é pensar que o que é pessoal pode e deve ser politizado. Das suas relações pessoais ao prato de comida.
Isso não quer dizer que políticas pessoais são inseparáveis de uma visão para além do local. As duas políticas não representam a dicotomia entre macro e microestrura. Pelo contrário, politizar o cotidiano é justamente criar essa ponte entre o local e o global.
Pensar globalmente, agir localmente. Uma política que se preocupa apenas com o micro é totalmente imanente ao capitalismo. Pode se transformar em um estilo de vida vendável como já aconteceu algumas vezes com o própria cultura Punk, Hippie e Metal.
Por outro lado, uma política que se preocupa apenas com o macro é de um estruturalismo
sufocante.
Acreditar que a única maneira de se conseguir liberdade é transformando as grandes estruturas, como o Estado, é angustiante. Na verdade, é desestimulante, no sentido que estimula apenas o
conformismo e a crença de que não há saída ou esperança para os problemas desse mundo. E assumir isso é o primeiro passo para se garantir a destruição.
Como escrevem os anarcopunks ingleses do Active Minds, acreditar que apenas as grandes transformações são decisivas no destino do planeta torna mais fácil não se importar com as pequenas coisas que nos cercam e que geram opressão e sofrimento.
Esse descaso de que nada tem importância se você não pode revolucionar o grande jogo.
Mas você pode transformar o seu mundo, a sua vida e as suas relações com o planeta.
Acreditar que você não é uma peça importante é apenas mais uma maneira de se eximir de responsabilidade.
Nós devemos buscar por maneiras práticas de viver alguns dos nossos sonhos.
Fazer um programa em uma Rádio Livre não vai dar fim ao monopólio das grandes corporações da mídia. Tudo bem, às vezes mostrar uma alternativa pode ser tao importante quanto acabar com as outras.
Ação Direta é, para além de intervir na realidade, uma maneira de ter o controle de nossas vidas e de nossos destinos em nossas mãos.
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