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12 de mar. de 2011

speed 4 ever


A maldita violência urbana nos deixou mais pobres de ritmo, talento e espírito. Meu camarada, o rapper Speed Freaks, foi assassinado ontem (26) em Niterói - logo na Cidade-Sorriso tão adorada por ele. Uma perda absolutamente irreparável, privando-nos do convívio de um dos mais originais rappers que este país já conheceu.




RIP SPEEDFREAKS


Por Guto Jimenez

A maldita violência urbana nos deixou mais pobres de ritmo, talento e espírito. Meu camarada, o rapper Speed Freaks, foi assassinado ontem em Niterói - logo na Cidade-Sorriso tão adorada por ele. Uma perda absolutamente irreparável, privando-nos do convívio de um dos mais originais rappers que este país já conheceu.

Speed foi um dos inúmeros integrantes do Planet Hemp, teve músicas remixadas por gênios como Afrika Bambaata e Fatboy Slim e teve até um beat incluído em anúncio de carro na Europa - no caso, "Quem cagüetou?", composta e gravada junto com seu parceiro Gustavo Black Alien. Speed e Plack Alien, aliás, foram uma das duplas mais criativas do rap brazuca em todos os tempos, e no meu "Top 10 Nacional", ocupam as posições mais altas do pódio.

Ao invés de simplesmente relatar fatos & façanhas do Speed, vou lembrar aqui três dos muitos momentos que eu tive a sorte de compartilhar junto com ele:

1) Em meados dos anos 90, eu e o Cesinha Chaves fomos cobrir um campeonato de street skate no Campo de São Bento, em Niterói. Depois do campeonato, estávamos de saída pra uma missão de localizarmos uma pista de skate particular quando Speed e Black Alien pegaram no mike da locução e começaram a improvisar ali mesmo. Ficamos de queixo caído e não arredamos pé enquanto os caras não acabaram de cantar - e ainda localizamos a tal pista no final da tarde.

2) Quando eu editava o zine Na Base, e apresentava o programa do mesmo nome na Flu FM, recebi um cd com o que seria o álbum da dupla. Que cacetada! Era diferente de TUDO o que eu já tinha ouvido até então aqui no Brasil, algo que não tinha nem tantos similares pelo mundo afora. É claro que eu fiz o que pude pra divulgar o trabalho dos caras, que só não foi lançado por uma gravadora por causa da miopia reinante no setor naquela época.

3) Numa festa de aniversário da revista TRIBO em SP, cruzei com o Speed que seria um dos 10 artistas a se apresentarem na balada. Apesar de alegre por vê-lo, fiquei um pouco bolado ao notar que ele seria o único artista de fora de SP a se apresentar, bem como também o que não tinha cd gravado pra se promover. Minhas preocupações se dissiparam menos de 2 minutos após o início da primeira música que ele cantou; vi a galera de olhos arregalados e queixo caído com aquele carioca com pinta de marrento que estava demolindo o palco. O que era pra ter sido um pocket show de 20 minutos acabou passando do dobro do prazo - o promoter queria que eu fosse dar o toque no cara pra ele parar de cantar -, e só acabou mesmo quando o Speed quis que terminasse.

Esse era Cláudio Márcio de Souza Santos, 37 anos, mundialmente conhecido como Speed Freaks. Imprevisível, inspirado e inesquecível. Tão rápidas como suas rimas foi a sua passagem na Terra.

DESCANSE EM PAZ, SPEED.

+ Músicas do Speed Freaks pra baixar e ouvir: http://www.speedshits.com/home/music

+ Mixtape contendo a última música gravada do Speed: http://gemagema.tv/blogs/agemda/wp-content/uploads/2010/03/7-day-mixtape.mp3



+ depoimentos

“Acabei de receber uma ligação do Gilber dizendo q Speed foi assassinado nessa madrugada. É uma merda. Bem grande. Acompanhei toda a evolução do trabalho do Speed desde 1993, o ano em q a gente se conheceu. Era um show do De Falla e Speed, na época com longos cabelos, foi chamado ao palco pra tocar uma musica. Lembro bem da data pq era a primeira vez q eu vinha a banda em ação. Mas uma coisa me intrigou ao término do show: quem era aquele cabeludo que estava na platéia e fora convidado a participar do show pelo Edu K e que tocava pra caralho? E assim foi nosso primeiro contato, há 17 anos. As histórias que remetem ao Speed são quase folclóricas, ele em si era uma lenda ambulante. Certa vez ele foi até o aeroporto Galeão, fez várias fotos, foi pra casa de um amigo em São Gonçalo e passou vários dias tomando banho de mangueira na laje e apareceu semanas depois, todo queimado, contando que foi pra Califórnia e pegou várias ondas e não sei mais o que. Esse era Speed. Um cara que era visto como o aloprado, que divertia a gente com histórias absurdas, mas que tinha um talento insuspeito com as rimas. Quando fazia dupla com Gustavo Black, então, não tinha pra ninguém. De longe, a melhor dupla de rap que o Brasil já teve -- e exportou.”

André Mansur
Banda Laura Palmer

+ http://www.myspace.com/speedfreaksbr
+ http://pt.wikipedia.org/wiki/Speedfreaks

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