"Sou simples"...Nem sempre eu sei...
Tonho Lambe-sola e o quadro negro com lições gramaticais: hábito de emoldurar palavras
O sapateiro Antonio Aurélio de Morais tem mais de 80 anos e vive em Atalaia, mesma cidade da Zona da Mata alagoana em que nasceu. Órfão, teve de se virar desde muito cedo para sobreviver, o que lhe garantiu o apelido de Tonho Lambe-sola. Poeta, tem a paixão, o ritmo e a inventividade cronista de um repentista de primeira linha.
Analfabeto até os 45 anos, recusa-se - em alguns momentos de maneira afetada - a versejar na língua portuguesa tal qual é normalmente ensinada pelas escolas. Daí sua "poesia" ser grafada "purizia" e seu léxico ser tomado pela variante caipira do idioma.
O contato com o abecedário, no entanto, foi como se uma janela da arte tivesse se aberto. Só depois de alfabetizado é que passou a compor versos matutos, que antes arranhava de memória.
Mas Tonho encantou-se de tal maneira com as palavras sorvidas em seu minidicionário Aurélio, que cultuou o hábito de emoldurar, nas paredes de seu barraco, palavras escritas a lápis, como "pélago", "palinódia", "obumbramento" e "bestialógico", entre dezenas de outras.
Com a mesma dedicação, mantém, intactas num quadro-negro pendurado em sua sala, as lições gramaticais que aprendeu, com Bechara, Cegalla e Olga Pereira. Para rememorar, sempre que precisa, e desobedecer, toda vez que verseja.
Apenas aos 40 e poucos anos se alfabetizou , percorrendo de cartilhas do ABC a gramáticas e dicionários renomados.Do aprendizado passou para a composição de poemas , chegando a escrever um livro " veros de um lambe sola" que já passou da 3 edição e possui cerca de 40 poemas...
Trechos do livro:
“Trabáio a mai de trintano / Na arte di sapatêro / Nunca consegui dinhêro / Argum / Trabáio às vêis in jinjum / Di manhã inté mêio-dia / Passando tôda gunia / Di fome...”
"Não sou simples" e as coisas que tento pintar não tentam ser!
Existem simplicidades que se tornam coisas grandes e complexas tipo essa historia bem simples...
"Física atômica para milhões" não parece o tipo de título que atrairia a atenção de colecionadores de livros infantis. Mas a obra didática, de 1947, é disputada em sebos e já foi vista com etiquetas de US$ 1,5 mil...
O motivo não está na reputação dos autores, os respeitáveis doutores Maxwell Leigh Eidenoff e Hyman Ruchlis. Os colecionadores estão atrás é da assinatura do garoto que, então com 19 anos, foi convidado por Ruchlis, seu professor de ciências, para ilustrar o livro em troca de US$ 100 e uma forcinha no boletim.
Esse garoto era Maurice Sendak ...
Onde vivem os monstros...
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