Depois de quase 18 anos , acabei de reler o livro " O Estrangeiro" de Albert Camus!
Continuo achando o livro muito bom e o escritor muito talentoso e um dos melhores que já li , só que agora , tantos anos depois , entendo muito mais o personagem principal "Mersault" e seus pensamentose a falta de alguns , e posso dizer que esse para mim é um bom livro e como todo bom livro já começa dizendo a que veio.
Logo no primeiro parágrafo de O Estrangeiro,Camus entorta o meu cerebelo ao apresentar o desdém do narrador Mersault à notícia de que sua mãe falecera.
Mas o que seria apenas um desconforto específico, limitado ao comportamento de um personagem, em pouco tempo ganha a força de um soco no estômago dado pelo homem pedra com tensão pré menstrual...
A apatia de Mersault serve como um espelho, na sua presença todos os nossos ritos, objetivos, preocupações e sentimentalismos parecem desnecessários. Ridículos.
E o efeito disso torna-se ainda mais devastador quando percebemos que o personagem leva uma vida simples e normal, sem qualquer distúrbio psíquico-social. Como a maioria de nós, dedica-se ao trabalho, tem amigos, namorada e curte ir à praia aos domingos (tirando a praia , me encaixo no padrão).
A diferença está na sua consciência de que não pode mudar os rumos da vida.
Conforma-se com isso, adapta-se às condições impostas pelas engrenagens do tempo e aproveita o que de bom lhe aparece.
O resto, deixa acontecer.
Para ele, o prazer já basta...
Deus, casamentos, funerais e julgamentos são meras invenções formais que distanciam o homem da crueza dos fatos.
O vazio de sentimentos, crenças e ambições de Mersault, aos olhos da sociedade, são suficientes para lhe transformar num estrangeiro no lugar em que vive.
Abaixo, livre tradução de uma parte do prefácio à edição estadunidense:
"Resumi O Estrangeiro, já faz bastante tempo, com uma frase que reconheço ser bastante paradoxal:
Em nossa sociedade, todo homem que não chora no enterro de sua mãe corre o risco de ser condenado à morte.
Pretendo dizer apenas que o herói do livro é condenado porque ele não joga o jogo.
Teremos contudo uma idéia mais exata do personagem, em todo caso mais conforme às intenções de seu autor, caso se pergunte de que modo Meursault não joga o jogo.
A resposta é simples, ele recusa mentir.
Mentir não é somente dizer o que não é.
É também, sobretudo, dizer mais do que é e, no que concerne ao coração humano, dizer mais do que se sente. É o que fazemos todos, todos os dias, para simplificar a vida.
Meursault, contrariamente às aparências, não quer mais simplificar a vida.
Nem eu quero !!!!!!!!!!
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