Fiz essa quando estava em frente a praia de Ipanema , pensando no que poderia aconteçer se todo mundo não tivesse que fazer seus trabalhos , para deles tirarem seus brasões e escudos , para com eles receberem coisas humanamente raras , como comida , diversão , roupa e prazer pagavéis com dinheiro de plástico...
Uma paisagem que falou bem alto comigo: " Hei!!!! Estou aqui"
Eu , MC e quase poeta nada pude fazer, pois os meus olhos se quedaram ao chão e o motorista não tinha olhos para a paisagem .
Diante da agonia cotidiana, sentei-me com minha criação e com minha criatura a espantar mosquitos do coração...
Dores... A falta do ar me deixa deprimido, de uma agonia caótica e tranquila...
Sei que estou doente, mas meu desejo é o esquecimento puro.
Coisas que são inomináveis me agradam mais...
Palavras não ditas no escuro me agradam mais...
O poeta está sumindo, dentro de uma faixa de luz seletiva...
Para morte ao infinito e além...
No caos e na semente dos asfaltos em branco de uma manhã em cinzas.
Um quase poeta.
Fiz essa logo após ligar para uma Rainha encastelada no mais distante lugarejo do condado de Rocks Rabbitt , em Mentirinha City ..
Penso você nessa manhã...
Queria você aqui! Enrolada em minha pele...
Ainda penso poesia em fazer você
Você aqui, calada,na areia da praia!
Penso você com a cabeça recostada em dunas
E com peixes dourados a ladrilhar a porta do Ônibus...
Penso você no cheiro do dia, da noite, do encanto e do som que sai da tua boca...
Penso na dor do suor da tua carne preta, na minha carne intensa de pigmentos vermelho-alaranjado...
Penso, nas unhas que expõe tudo que é mais belo e distante...
Não penso em você, para poder pensar que estou podendo pensar voçe em mim...
Sem estar, estando...
Sufocando aquilo que não quer sufocar...
Teus lábios enfim para o derradeiro fim...
Partindo, sem partir...
Na paisagem leve de uma Ipanema de plástico.
" O desvanecimento das habilidades da sociabilidade é reforçado e acelerado pela tendência, inspirada no estilo de vida consumista dominante, a tratar os outros seres humanos como objectos de consumo e a julgá-los, segundo o padrão desses objectos, pelo volume de prazer que provavelmente oferecem e pelo seu «valor monetário».
Na melhor das hipóteses, os outros são avaliados como companheiros na actividade essencialmente solitária do consumo, cujas presenças e participação activa podem intensificar estes prazeres. Neste processo, os valores intrínsecos dos outros como seres humanos singulares ( e assim também a preocupação com eles por si mesmos e por esta singularidade) estão quase a desaparecer de vista. A solidariedade humana é a primeira baixa causada pelo triunfo do mercado consumidor."
"AMOR LÍQUIDO" de Zygmunt Bauman (AUTOR QUE MINHA RAINHA LEU)
Ipanema sempre será aquela imagem de plástico , com sua praia de plástico e suas pessoas de plástico , num mundo de plástico totalmente separado do resto do mundo de carne vermelha-alaranjada e preta !
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