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15 de jun. de 2010

negritudes...

Andei muito por Niterói , lugarejo gigantesco ao lado da cidade do Rio de nós mesmos e descobri que lá pareçe a Suécia, só tem brancos...

Impressionante como lá é diferente , pelo menos lá pelas bandas de Icaraí e Ingá...

Quando fui me aproximando de uma parte da cidade chamada Santa Rosa , as coisas foram ficando mais normais e já consegui avistar outras tonalidades e ai começou a fazer sentido a minha jornada , afinal estava no Brasil...

Se bem que sem querer querendo , assisti um comentário da atriz Regina Casé , que dizia , mais ou menos assim :"é um privilégio ser loura por essas bandas".

Continuei no meu trabalho nas escolas de São João e o mesmo reflexo observei nas escolas e enquanto esperava uma diretora fiquei lendo um desses novos livros de hístoria e constatei :
"cade os negros no livro ??"

A história dos negros nos livros didáticos termina com a abolição da escravidão.
A relação desigual entre brancos e negros deve estar presente nos livros, nas duas polaridades.

Nós somos o segundo maior país em população negra no mundo, perdendo apenas para a Nigéria.



E não temos essa realidade retratada nos livros...


Esse abismo não está apenas nos livros: são poucas as faculdades de Pedagogia que tratam de relações raciais em seus currículos.

Te lembro da Lei 10.639, de 2003, que obriga as escolas de Ensino Fundamental a ensinar a História da África, reduzindo a perspectiva eurocêntrica dos estudos de História.

Ou seja: na minha opinião, os livros e a escola, do jeito que estão, ajudam a reproduzir as desigualdades, e não a superá-las.

A escola, que é um importante agente de socialização, não cumpre seu papel, não ajuda a enfrentar o modelo racista e discriminatório da sociedade, em que pessoas "de formato físico diferente" vivem papéis sociais diferentes.

Se a escola tem realmente o compromisso de formar um cidadão, um agente participativo, não poderia ser neutra em relação a isso.

Para mim ,"essa escola ainda está por ser construída".

Um comentário:

  1. No ano passado, tivemos um debate no curso de pós que frequento aqui em Sampa, na PUC. Alguns colegas fizeram um seminário sobre a questão das cotas, que permitem que a comunidade negra tenha acesso às universidades públicas e se corrija a injustiça histórica de só brancos sentarem nos bancos universitários de prestígio. Pareceu-me que os meus colegas eram contra as cotas e eu disse: Acho careta ser contra as cotas e acho que quem assim pensa não quer ter um negro sentado ao seu lado, uma vez que já se provou que a galera que entrou pelas cotas tem um rendimento acadêmico tão bom quanto qualquer outro aluno, e mesmo em alguns casos superior!
    Penso que quando essas turmas de alunos que entraram apenas recentemente forem se formando,nas tais universidades de prestígio, começaremos a ver os frutos disso inclusive lá na escola de base, ou seja, com uma focalização das disciplinas clássicas alteradas por conta dessa modificação no modo de estudar a história e tudo o mais. Ou seja porque sua contribuição acadêmica poderá apresentar a diversidade que, na verdade, constitui a vida humana.

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